Qual filme assistir na Globoplay hoje? “O grande Sertão”
Com a volta de Guel Arraes à direção de longas-metragens, a adaptação de “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa tornou-se uma das estreias mais aguardadas de 2024. A expectativa era grande, e agora vamos explorar como essa obra clássica da literatura brasileira foi transposta para as telas.
Guel Arraes, em parceria com Jorge Furtado, trouxe uma abordagem única ao adaptar “Grande Sertão: Veredas”. Conhecidos por sucessos como “Lisbela e o Prisioneiro” e “O Auto da Compadecida”, a dupla novamente se aventura no lirismo de Guimarães Rosa. Desta vez, eles transportam a narrativa para um ambiente urbano, transformando a favela no novo sertão.
O Sertão Dentro de Nós
O filme explora a ideia do sertão como um conceito interior, presente em cada um de nós. A montagem expressa esse paralelismo entre tempos e espaços, relacionando o sertão à favela. Os jagunços, figuras icônicas do romance, são substituídos por milícias, refletindo uma realidade contemporânea.
Seguindo o fio narrativo do livro, o filme mantém o personagem Riobaldo, agora professor mais velho, narrando sua história de amor com Diadorim. A encenação teatral é a linguagem principal, uma marca dos cineastas, e aqui é levada ao máximo. A câmera se abre para capturar interpretações expansivas, com voz imponente e gestos largos, típicos do palco.
A linguagem cinematográfica intensifica sentimentos e sensações. Planos fechados destacam a raiva, o amor, a coragem e o medo, criando uma ambientação claustrofóbica e apocalíptica. A fotografia estourada oprime e aprisiona os personagens, desenhando um espaço agressivo e sem saída.
O filme reforça o misticismo presente na obra original, como na cena em que Riobaldo vende sua alma ao diabo. Essa escolha hiperbólica pode desagradar alguns, mas para outros, representa uma jornada de conquista. Apesar do início apressado e algumas interpretações questionáveis, a força da teatralidade e a imponência estética acabam por envolver o espectador.
Para muitos, o filme começa com dificuldade de engajamento, mas evolui para uma experiência impactante. A narrativa propõe poucos respiros, envolvendo o público do meio ao fim. É uma obra que certamente dividirá opiniões, mas que merece ser discutida.
Sim, embora com adaptações para um cenário contemporâneo urbano, mantendo o fio narrativo principal.
Alguns espectadores podem achar a teatralidade exagerada e o início um pouco apressado.
Guel Arraes e Jorge Furtado, conhecidos por suas colaborações em obras marcantes do cinema nacional.